DESENCANTADO

 
 
Na hora dúbia
quando amores se quedam,
os sentidos se ressentem
do silêncio dos toques...
 
Solitária, vago entre as noites frias,
 emoção sem fantasia
delira entre o imaginário
e a razão...
 
Na insanidade dessa paixão
um tempo impassível
em sua atemporal vigília
murmura que tudo foi em vão...
 
Ocultos nos escombros da solidão,
sonhos não mais floreados
misturam-se à orla infinda
dos sentimentos ora findos.
 
Alma calada,
atada às palavras silenciadas,
lamentos orvalhados
em olhares vagos...
 
Sons emudecidos,
imagens distantes...
Vagantes lembranças
em horizontes desconhecidos...
 
Vida em retalhos
na inconstância dos momentos.
Abandono
fecha todos os atalhos...
 
 
Flecha envenenada,
saudade cingida
que adorna a dor
do amor, que perdeu seu canto
e chorou desencanto...
 
 
19/05/2006

 
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 16/08/2006
Reeditado em 02/07/2011
Código do texto: T217496