Desilusão

Como pode parte tão putrefata,

Afetar o vivo de mim?

Mesmo que quando viva,

Reanimasse-me de infeliz.

Como pode ser tão delicado,

Ser ao mesmo tempo tão "autoconsciente",

De modo que a mim não enxergava,

E por mim não era presente.

Porque eu era cego,

Cego de um podre otimismo,

Que quando veio o ser matar sua fome,

Satisfeito retirou-se deixando-me, petisco:

Carcaça vazia e cheia

- de lágrimas.

E as lembranças de um dia,

Que fora vivo,

Agora só circulam,

Por uma noite sem assobio,

Que atormenta minha mente,

Que habita minha carcaça,

Que nem sobrevivente,

Consegue ser,

Pois sem querer é consciente,

De que o amor nunca mais virá.

E com isso a agonia toma conta,

Da carcaça decomposta,

Em meio aos vermes da solidão,

Que mais uma vez se mostra,

Em sua forma e não afeição.

Pedro Batalha
Enviado por Pedro Batalha em 17/08/2006
Reeditado em 17/08/2006
Código do texto: T218928