Sem você
sem você
espero o frio
da noite
refrão
da voz infinita
vento no arvoredo
sem você
o quarto fica nervoso
coração não chama
mergulha
no escuro
porco espinho
sem você
desapareço
deixo a barba crescer
reabro velhas feridas
fujo descuidado
surdo
sem você
vem a lua
abuso do álcool
perco o interesse
a vida cheira
tédio
sem você
acaba o tempo
ovo na frigideira
vejo no espelho
um fantasma
a dor cuida de mim
sem você
vivo por inercia
assisto futebol americano
a pressão aumenta
e a poesia se torna
gordurosa
novembro 2005