Há um outono em mim

Há um outono na minha janela

que me intimida e me entristece

porque enjaula na mesma cela

meu risco, a loucura e o alicerce

E desatino sem cor na aquarela

onde o pincel desenha uma prece

pedindo que na minha passarela

não mais seja aplaudido o estresse

Reúno as folhas caídas do outono

com isso adubo o meu desinteresse

e cresce a minha dor na novela

Continuo sem patrono e sem dono,

um brinde esquecido na quermesse:

um coração em franco abandono

Márcia Fernanda Peçanha Martins

(Marcinha)