BALANÇO DAS HORAS
Luz morta... Finda o dia,
noite que avança
lenta e fria.
Escuridão sem tom,
silêncio e nostalgia.
Solidão que domina
sopra no rosto
vento gélido da saudade.
Coração na contramão
navegando em lado oposto.
Sonhos desgastados, rotos...
Imagens que se contorcem
e distorcem fantasias ilusórias,
que sempre deslumbrada
guardei no sótão da memória.
Esperança esmorece
quando escurece...
Na despedida da luz
cujo brilho ilude o vazio,
o corpo se veste de breu
e também se encobre,
recobre, encolhe...
Mulambo do que fui outrora,
minh'alma se queda e chora
no constante balanço das horas.
2006