Caixa em Papel Colorido

Lá no meio da minha angústia

da minha aflição

do meu medo

da minha incerteza

tem uma caixa embrulhada em papel colorido.

Na calma do mar eu nado de peito

de costas, demais,

eu nado demais, mas nada consigo.

Talvez uma corda me prendesse a um ponto

no meio do mar

no fundo do mar

no meio de mim

Ou a caixa é que é presa a uma linha

e puxada por alguém

E na calma do mar eu nado de peito

de costa, demais,

eu nado demais, e não vejo ninguém.

Rio, fevereiro de 1974