ANJO TRISTE

Ao Homem e ao Fado
tudo passa indiferente:
A dor do outro é do outro
totalmente e, a eles, alheia
- não sangra nem desce
das suas próprias veias...

Há dois tipos de Anjos:
um que é tristonho...absorto,
e outro maldoso e bem torto,
capaz de ferir/de rir fortemente
de simples defeitos, um sem jeito
que o outro lhe apresenta,
e a quem tenta sempre machucar
quem sabe por, talvez, invejar...

Ah! Quanto temos desprezado
(eu penso, pasmo e espantado)
todo o querer que nos é dado
pela divindade à mãos-cheias
nos mais diversos formatos:
Da beleza da maternidade,
dos afetos fundos e abertos
(ternos e tão certos)
à amizade mais que sincera,
e em tudo pisamos, a tudo
trocamos por falsos risos,
por um par de tolas quimeras,
promessas falsas e vãs
como puro ouro-de-tolo
criando o dolo de amanhã,
só para prejudicar o irmão.

Que pena!

Dos seres, a metade
chafurda hoje na lama
enquanto a outra parte,
num desencontro imenso,
segue sozinha pelas cidades
(desamada e sem compromisso)
todos reféns da própria crueldade,
da falta de sinceridade e juízo,
e ninguém mais, de verdade, ama:
- apenas de desamor se reclama,
usando este fato como baluarte...

Ah, e é por sobre tudo isso
que - amoroso e submisso -
meu ser bem triste se debruça

num cansaço muito intenso
- a caminhar tão solitário -
enquanto minha alma soluça
feito um anjo sem sorrisos...


Silvia Regina Costa Lima
23 de julho de 2010




Obs: Hoje acordei assim, meio cheia de esplim e de cansaços... depois passa...acho.