DEUS DE BARRO

 
Endeusei sua imagem,
do meu corpo fiz suas vestes
e em sentimentos teci ornamentos.
Coroei sua existência!
Fiz meus votos de obediência...
 
Com amor iluminei o templo!
Doei meus sonhos em ofertas tantas...
Refém da sua vontade
fui insanas metades...
 
Num altar inexistente, irreal,
o idolatrei sem reservas
e depositei minha fé aos seus pés.
Acinzentou o céu do momento,
sons dissonantes no soprar do vento,
raios faiscantes riscam o firmamento,
no rufar furioso da natureza.
 
Num vendaval inesperado
cai a tempestade, desabam verdades,
onde tudo é revirado.
 
O ídolo se torna homem
e numa face desconhecida
revela sua real identidade,
desmistificando a divindade.
Ora pago meus pecados,
por ter idolatrado
um deus, que era de barro...
 
 
06/09/2006

Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 09/09/2006
Reeditado em 07/07/2011
Código do texto: T236427