Diálogos no Espelho

Sem senso de humor na frente do espelho.
Ele não sabe o que significa uma mentirinha.
Não se lembra de nada... não há passado na frente dele. Só um presente real, cru e verdadeiro. Não há memória... nada além de exposição, um vendedor à beira da calçada.
Eu olho em vão desespero, tudo está partindo e chegando... tudo é vão.
Um vácuo imagético, tão triste... tão falso! O que eu vejo? Será que sou eu? Um alarido de tristeza, se ao menos eu fosse um cantor de ópera... notas agudas de vigança. Cheias de ecos!

Digo sem música, sem harmonia, sem arranjos...

Eu olho através dele agora. Onde eu estou dentro de tudo isso? Alguém se importa? Eu me importo? Já estou de saída, assim como ele.

Pare! Não o levarei comigo... Eu lhe dou as costas, mas você fraqueja só porque eu olhei para trás. Não preciso de você... me importo pouco com visões. E não me preocupo mais com visibilidade, com visionários, com grandes cílios...
Sem bobagens na frente do espelho... sou bem sério agora. Sou um adulto! Um trabalho cheio de paredes espera por mim e elas são ásperas e obsessivas com os limites, com o tempo... não preciso mais de você. Preciso das paredes!