Do desprezo

Sou o encontro desses teus desencontros

e essa vermelhidão em tua cor tão apagada

e inda que eu seja a tua única estrada,

do sol, és apenas essa chuva que sobre me desaba.

De certo mar, apenas sou a onda que, tonta, se desmancha

e essa marola pudica que fica, fora do mar, quase proibida.

Em meu olho, por uma lágrima solitária, o teu goza e ri

e o meu corpo junto ao teu faz o meu coração sentir

que moramos dentro de um mesmo desejo, separados.

Hei de confessar-me com tuas palavras

e penitenciar-me a tecer bastantes versos

e tragar do teu coração quase perverso,

o mais audacioso adeus pedido tanto por minha carne.