Espelho do que sou

Não sei o porque de não gostar do espelho

Devo no fundo desse abismo me odiar

Talvez nada merecer

Conquistar

Vira e mexe um corvo teima em posar nos meus duros ombros

Fico meio de lado e as costas doem

Acabo me achando mais feio do que sou

E quebrar o espelho seria uma saída meio infantil

Dentro de mim eu grito

Um choro, por vezes, alto está no meu fígado

E uma trombeta gigante berra no meu peito

Que peso é esse que carrego?

Em qual parte de mim posso encontrar algo?

Não sei e não tenho ciência se desejo algo encontrar

Posso não reconhecer ou não gostar do que sou

E viver para sempre procurando-me nesse espelho.