Se eu não mais puder

Quando meus olhos não encontram os teus

Sinto-me a mais desprezível das criaturas

Sinto pesar sobre meus ombros o furor dos céus

Como se viver fosse um inferno de desventuras

Se meus olhos não mais podem encontrar os teus

Já não pode haver para mim condenação maior

E de nada me vale a divina proteção de deus

Pois já não há neste mundo algo mais aterrador

Se meus lábios não podem tocar os teus

Nada pode tirar o gosto amargo da boca

E não há gosto mais amargo que do adeus

E nessas horas de angustia o coração sufoca

Se nossos corações não podem estar unidos

E se nem minha alma pode se abrandar na tua

De nada valeu minhas preces e meus pedidos

E menos ainda vale a primavera, o sol ou a lua...

E se nossos passos têm que seguir rumos diferentes

Já não haverá caminhos para meus pés percorrer

Pois é como ter os pés amarrados por correntes

E já não conhece nenhuma luz os meus alvorecer

E se meus momentos forem distantes dos teus

Tornar-se-á meu espírito um andarilho pagão

Já não sopra mais os ventos brandos nos mares meus

Sem vós serei por estas ruas e esquinas um sopro vão

Joselito de Souza Bertoglio
Enviado por Joselito de Souza Bertoglio em 05/09/2010
Código do texto: T2480780
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.