Não mais vereis

Vós não vereis mais meu rosto sorridente

Nem mais vereis meu sorriso florido

Pois andarei pelas madrugadas solitárias

Bebendo o torpor de minhas misérias

Do amor derramado sobrou o cálice sucumbido

E um interminável amargor impenitente

Não vereis mais luz em meus olhos

Pois estão mergulhados em tormentos

Habitarei as frias madrugadas nebulosas

Caminharei na solidão das tardes chuvosas

Sentindo a pele ser rasgadas pelos ventos

Das rosas dadas, só me restaram os abrolhos

Já não ouvireis a minha voz, ela emudeceu

Pois vago pelas madrugadas silenciosas

Sempre em busca de um refúgio inexistente

Em meu túmulo corpóreo jazo lentamente

Serei um sopro vão nas madrugadas tempestuosas

Em pleno calor do dia meu espírito escureceu...

Já não me vereis caminhar pelas tardes de outono,

Nem vereis sentar-me a luz do sol da primavera,

Pois andarei pelas madrugadas gélidas do inverno

Por procelas meu espírito será um andarilho eterno

Serei fera ferida que se encarcerada numa quimera

Pelas tristes madrugas que arranca da alma o sono

Joselito de Souza Bertoglio
Enviado por Joselito de Souza Bertoglio em 06/09/2010
Código do texto: T2482064
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