Cordéis...
Tudo pode em meu sonho,
só o amor é que não cabe...
Tudo pode em minha vida
para que ela não se acabe...
Cabe ser Pierrot tristonho
quem sabe Arlequim teimoso
comporta o dia, louva a noite
vive tristeza e saúda a festa;
umas tantas e mesmo esta
como um penso na ferida
curando alma, ferindo ouvidos
pelos cantos escondidos
onde não passam carrosséis...
Pode ser tudo em minha vida
mas nas tramas dos cordéis
sonho d’amor inda não cabe...
Só um poeta cisma e sabe
das coisas que isso faz:
é de um gáudio duvidoso;
de uma angústia contumaz...
Quem me pode, tal certeza
esmiuçar com vil clareza
para eu aprender de vez...
Essa é a hora da pergunta
que a vã tristeza assunta
sem solução e sem caminho.
Na ventura de quem gosta
eu nunca encontrei resposta
nem achei paz em meu choro
pois se o canto faz o coro
a lágrima que o fez; também desfez
quando eu chorei sozinho...