Preto Velho

Encostado no barranco a se esconder do sol,

o preto velho contempla uma nuvem que passa,

então abre o seu velho e surrado embornal

e tira dele um litro, pelo meio, de cachaça.

Enche o coité e bebe uma golada boa,

faz uma careta e cospe para o lado,

e se deixa assim, recostado e à toa,

triste e cabisbaixo relembrando o passado...

Segue pela poeira da estrada da fazenda

onde a vida inteira sua força empregou,

vagueia pelo engenho, vislumbra a moenda

onde tantos amarrados de cana triturou.

Depois espreguiça, fecha os olhos e canta

uma cantiga arrastada que o arrasta ao sono,

esperando aquela que a negra foice levanta

pra levá-lo, enfim, de seu triste abandono...

Aleki Zalex
Enviado por Aleki Zalex em 27/09/2010
Reeditado em 26/05/2016
Código do texto: T2522722
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