A dor do desamor
O abismo enorme era meu tudo
E engolia cada lágrima caída,
De terror me fazia ficar mudo
E separava-me da única saída.
E ninguém bateu a minha porta
Nem mesmo batia nela o vento,
Era triste a minha face morta
Deitada nos braços do tormento.
Esparramado naquele mesmo lugar
olhando o balançar da cadeira,
Atormentado pelo pesado caminhar
Do teu fantasma sobre a madeira.
Não esquecerei a tua ausência
Nem as angústias que aqui deixou,
Beberei as lágrimas da penitência
Que meu coração por ti derramou.
Fui covarde e permaneço fraco
E serei eternamente lastimado,
Aceitei ficar dentro do buraco
Onde me deixastes acorrentado
O dia morreu foi engolido pela serra
E a noite desceu muito mais escura,
O abandono empurra devagar a terra
Para cobrir o vazio da minha sepultura.