Não retornará ao pó

Aprendi com o tempo

E com o sofrer

Escondido debaixo da cama

Que a fé é maior que o medo

O medo que o mal impõe

Abandono o sem sentido

Álcool e religião

Açúcar e drogas pesadas

Hamburger e futebol de botão

Remendo em roupas rasgadas

Dentro de uma mulher feito

Feito de carne e pensamento

Na perfeição da natureza

Bolha de sangue e água

Sou um pouco de prazer e muita dor

A luz do sol amarelo

Ilumina o mundo

O mundo que ela me deu

Cantando aos quatro elementos

E servindo de empregada doméstica

Cresci limitado pela humanidade

Açoitado pela violência da sociedade

Apanhando dos marginais nas ruas

E das vadias nos becos

A loucura persegue a inocência

Possuo sentimento

Vertiginoso e míope problema

Esta pele não serve para nada

Crio mensagens da ilusão

Ensino com palavras sonolentas

Envelheço respirando o ar poluído

O destino da criaturas não muda

De mãos no jogo sujo dos deuses

A mente padece inapelavelmente

A realidade nunca é plena convergência

O poeta recita versos angulosos

Cheios de raizes quadradas

Não retornará ao pó

Pois o corpo deixará de ser corpo

Se tornará lembranças de fumaça

carlos assis
Enviado por carlos assis em 17/12/2010
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