Não tente me encontrar

Não tente me encontrar, eu sou assim!

E que às vezes fujo de mim... Covarde...

Estou no quadro ao qual pincelo o fim,

Vendo o torto de mim, que no fogo arde...

~

Não me procure nas ruas, estás longe de mim,

Esta longe de tudo que possa me formar...

Paredes de concreto não dizem de onde vim,

E que às vezes fujo de mim... Sem me encontrar...

~

Não estou demente, mas já fui...

Fui tudo o que eu podia detestar...

Não tenho nem respostas para o que me argúi,

Pois são coisas que já cansei de me perguntar...

~

É, cansei-me de me olhar no espelho, sou fugitivo!

Fujo dos olhares... Dos lugares... Fujo de mim...

Às vezes finjo-me de morto, estando vivo,

Mas vivo sem estar presente em sorrisos de marfim...

~

Então não tente me encontrar, sou flor perdida,

Sou uma flor rara em vasos e jardins...

De cor rubra e pétalas caídas,

Bem longe de você, mas bem perto de fim...

~

Eu sou assim, como poesia não declamada,

Que pela voz fora embargada na despedida...

É, e assim, miseramente profanada,

Sendo surrada, até tornar-se ferida...

~

Então não tente me encontrar em lugares que já estive,

Já estive por lá, e voltei descontente...

Posso considerar-me um vivo que não vive,

Acorrentado nas profundezas de minha mente...

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 20/10/2006
Código do texto: T269299