Cacos

Queria quebrar-me em pedacinhos

E jogar os meus cacos no lixo

E caso restasse algo de mim

Deixaria-o ser levado pra sempre por um rio

Quebraria-me num escuro

Que é onde me encontro

Pra que em nenhum instante

Eu visse nos cacos o reflexo do meu próprio pranto

Que os cacos marquem os teus dedos

Quando resolveres em minha vida

Novamente enfiar o dedo

E escorra todo o teu sangue

Até juntar-se com o meu leito

Dividida a minha dor

E carregada por águas alheias

Que teu sangue leve-me às profundezas

E nela encontre a mansidão quase perfeita

Longe de tudo que me tornou cacos

Perto do teu sangue que é a causa deles

Gabriela Ferper
Enviado por Gabriela Ferper em 22/10/2006
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