Sensações n°2

Sou como a nuvem

passageira e suave no azul do céu

Não espero nada de ninguém

Não quero que esperem de mim

Quero sossego para olhar a vida

com meus olhos.

Com meus próprios olhos.

Quero enxergar o fio da vida

que arrebenta com o findar das horas

Pois a vida não é mais do que isso

Um fio infinito que não se vê

apenas posso senti-lo sua negra decomposição em mim

A hora é sua maior inimiga

Você nunca convencerá

Pois ela é sua dona

Não siga o caminho negro

nem o caminho branco

Pois não há caminhos para quem vive

apenas a morte

E nesta noite calada

teu carinho me sustenta, vivo,

ou quase vivo

Não tenho mais certezas

A escuridão é dúvida

e só vejo escuridão

Tua alma é escura

como a alma de qualquer mulher.

Henrique Rodrigues Soares - Sociedade dos Eremitas