Cidade perdida
Seja quem for
A realidade nunca é o bastante
Enquanto puder voar
Fuja poesia
Tinta da esferográfica
Estourada no bolso
Manchando a camisa
Sol a contemplar as formigas
Edifícios apontam para o alto
Ar condicionados suando
A primavera com ar de verão
Pássaros empalhados nas árvores
Dedos sangrentos escavam a pele
A alma se esconde
Você nem percebe
Todo dia, arroz com feijão
Reino no chão
Pontuado de manchas
Sangue e óleo diesel
Lixo e ratos
Abafado entardecer
Calor escaldante
Trânsito sem palavras
Asfalto fervente
Todas as estações movimentadas
A cidade flue encantada
De um lado para o outro
Nesta terra não há ouro