VENTOS QUE NÃO ME AFAGAM...

Se agora sou solífuga,
se tenho medo do Sol,
do amor que aquece a alma,
o coração, e acalma,
não culpes o meu crisol...

Porque não culpo ninguém
das estrelas que se apagam,
do meu caminhar sozinho,
das pedras do meu caminho,
dos ventos que não me afagam...

Eu vou vivendo de sonhos,
da maldade me alieno...
Cultivando meu sorriso,
trago em mim meu paraíso,
tenho meu rosto sereno...

Na dor da mágoa aprendi
a aceitar o que vier...
Destruí a fantesia,
lapidei a fantasia,
pois essa me é mister...

A vida é uma roda viva,
o destino, Juíz humano,
sem perdão prá covardia
de quem só anda à porfia,
vivendo do que é profano!