Fim de ano
É fim
É fim de ano novamente
Pessoas se olham e se perguntam perplexamente
Como foi que o tempo passou, o que foi feito, o que ficou?
Eu olho pra dentro de mim e revejo idéias e planos
E numa angústia colossal, contabilizo perdas e enganos
Vou numa marcha lenta, pesada, sofrida absoluta em seu espanto
Fim de ano novamente, os sonhos largados em algum canto
E uma sensação de que nunca mais seremos felizes
Fim de ano, fim de encanto, sem magia, sem cores nem matizes
Meus olhos não conseguem ficar secos, minha boca quase não se cala
Num gemido sepulcral, olho para todos e os vejo sombrios, temerosos e sem fala
Uns riem pra disfarçar o medo, outros, por tê-lo encarado, enlouquecem
Outros ainda vão vivendo, estáticos em suas vidas vazias, estes apenas permanecem
Alguns buscam uma vã esperança, fetejam e cantam e esperam um novo momento
Mas eu, só consigo num breve intervalo de lucidez insólita,
escrever esse pobre lamento