Lágrimas de gelo
Você chegou do nada
E roubou toda a minha atenção
Como o vento em fúria
Destruiu toda a minha razão.
Fez-me ficar imune
As flores do seu jardim
Agora sonho com o dia em que irá terminar
O que começou e com o que plantou em mim
Você pôs em mim uma semente malíguina
Que conforme cresce, destrói mais a minha alma
Alma que um dia pertenceu a mim
E que agora pertence a ti.
Se isso é bom, eu não sei!
Talvez seja
A dor do silêncio
O medo da solidão
Os pensamentos absurdos e infantis
O frio da sinceridade
Pedra de gelo escorrendo no meu rosto
Em vez de lágrimas
Sinto meu peito apertado e pesado
Aperto semelhante ao mar, quando nos afogamos nele
Como uma pedra de concreto
Aperto que me mata aos poucos, com um imenso desespero
E que me transforma a cada estação
Soube mover cada peça do seu xadrez
Com seu teatrinho de bonecas
Fez-me acreditar no infinito
Fez-me acreditar em suas palavras
E para quê?
Para quê?
Para mais tarde transformar tudo isso
Em lágrimas de sofrimento?
Com as lágrimas que escorrem dos meus olhos
Você pode regar o seu jardim de ervas daninhas
E o meu desespero
E o mais difícil, o seu despreso
Dramática e exagerada?
Talvez eu seja
Mas quem ama e sofre
Sempre é
Fez-me viver a sua e a minha vida
Queria que fosse simplesmente um sonho
Em que tudo não passasse de um simples enigma
Enigma que eu desvendaria para ir ao seu encontro
Apesar do meu semblante permanecer triste
Não sinto raiva de ti
Sinto pena por afastar-te de
Todos que lhe querem fazer feliz.