ENTRELINHAS
Que sentimento profundo
Vem pela sôfrega aurora ?
É o sol que clareia o mundo
Desde os tempos de outrora.
E no vazio dos versos vão
A sequiosa mente ardente
De um coração comovente
Comovente de solidão.
Pobre alma doi e chora
Debruçada na janela
Vendo chagar a hora
De morrer de amor por ela.
Sem orgulho, vai e vem,
Perde o sono e o sonho
De um olhar tristonho,
Sofre como ninguém.
Quem ouviu, o declarou:
Pobre vida vê a alva,
A luz que cedo o salva
Da angústia que o pegou!
No peito cravadas as mágoas
De quem o devia amar
Sem coragem de mergulhar
Nos fundos rios d´águas.
Ai como pesa a tristeza
No ombro de quem ama
Que caído nesta lama
Não levanta de fraqueza!
Vai para longe dela,
Da angústia opressora,
Esta mágoa sucessora
Dura tanto quanto ela.
Eu sem verbos comedidos
No fero vocábulo açodado,
Insofrido atrapalhado
Vi os meus sonhos perdidos.
O pejo em seus dizeres
Ouço tímidos, entrelinhas
Pela senda que caminhas,
Senda de garbos prazeres.
Mas não choro por perder
Pois te tenho na memória
A tua pele lisa e ilusória
Já se deu em meu viver.
(YEHORAM)