FLOR RANCOROSA
Não me importo se achas que a poesia
Não é congruente com o meu coração,
Ou se fala quimera e fantasia,
Mas digo, renascem da emoção.
Emoção abstraída de teus gestos,
Abruptos golpes deste em meu peito,
Sei que justificas os teus manifestos,
Mas te digo, amor, não sou perfeito.
Nossa vida tantas graças tinha,
No jardim reinavas como a flor,
No meu coração te coroei rainha,
Eras o motivo do amor.
Mas me tiveste como leviano
E comparaste-me com o louco,
Provocaste-me o lado profano,
Sei que irreverente sou um pouco.
O que escrevo em arte não é mentira,
Mas nem sempre são verdades minhas,
Navego em águas da minha ira
Num tropel de ondas tão sozinhas.
Reconheço minhas ações ardentias,
Meu infanto gesto do meu pejo
Mas na calma das mais calmarias,
De insano converto-me em beijo.
Acordei hoje em meio as trevas,
Ao lembrar que não estás mais comigo,
Para o mais absinto tu me levas,
Por teu ódio que me traz castigo.
Rancorosa flor, lançaste os teus espinhos
Na minha face de amor e bem querer,
Com teus pés pisastes os meus carinhos,
Para o mais fundo limo me vi descer.
(YEHORAM)