Malditas palavras

Não se enterneça com meus versos

Não se enfraqueça, é parca pretensão.

O mérito verdadeiro destas peças

Está sempre escondido no coração

Palavras jamais o exprimem

Por melhor que seja a intenção

Só a sua força redime

Um pouco para a paz, um pouco à razão.

Não essas malditas palavras

Nem outras que possam surgir

Platônicas, murchas, carbonos,

Arremedos do que se sentir

Grades das prisões do sentimento

Tentativas falhas,

Fraco desvario.

Restos, fagulhas, migalhas,

Algo longínquo,

Apenas um fio,

Pobres, solteiras, sem calma,

Surgem sem saber de si.

Não se emocione com elas

São parciais, quase vis,

Elas de pouco lhe valem

Quem sabe de si é o etéreo sentir

Elas de si pouco sabem

Quem sabe é o indizível fluir.