DESAPEGO

Se me queres atirado aos teus pés

Rogando amor, rogando flores,

Como um condenado das ralés,

Condenaste-me a viver de amores.

Não vou rojar, mas vou lembrar,

Das nossas manhãs ridentes,

Vou estar cônscio do que é amar,

Do que são dores ardentes.

Mas as lágrimas não mais rojarão

Na face minha que já rojaram frias,

Quentes, arrastando no chão,

Agonizantes até ficarem vazias.

Vou muito sorrir lágrimas secas

Nos olhos a cintilarem distantes,

Mesmo que tu não mereças,

Mesmo no rosto, tais deslisantes.

Pode ser que o amor morria

Pela falta de carinho, pelos maltratos,

Pela a luz da manhã que não me sorria

E por nunca me colocares em retratos.

E se hoje eu conservo coração inerme,

É porquê não vejo motivo para guerra

Mas se tu me vês tal como um verme,

É de tanto sofrimento nesta terra.

Se sofri teu desapego descontente,

Ou se a tua punição é se abster

Não espero o teu capricho cadente,

Nem faço por isso merecer.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 15/04/2011
Reeditado em 15/04/2011
Código do texto: T2911275
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