PERFÍDIA

Numa madrugada de balada

Me deparei com uma perfídia

Com olhos vendados, cegada,

Com vendas de uma insídia.

Teus olhos cor de esmeraldas

Não toca, nem me desperta

E se vestes véu e grinaldas

Meu coração não aperta.

Pois teu aleivoso coração

Como Brutos, um punhal,

Escondido em tua mão

Cravaste-me num ritual.

Sorrindo, me vês morrer,

Chorando lágrimas secas

Me deixas em casa sorver

O sangue e as enxaquecas!

Devaneio e cismo no leito:

Se o meu mundo não tem

Alguém que seja perfeito

Ou que não fira ninguém?

Mas se amigo companheiro

Nos espera ver pelas costas

No meio dum nevoeiro

Surgem de súbto mampostas.

Não é um gole de pinga

Ou a garrafa suada,

E do bem que se vinga

Ou da carapetada.

Ah! Eu vi mesclar na noite a lua

Com a traição das estrelas

E com as mariolas da rua

Que não pude contê-las!

Pasmei de ver o teu olhar

De cinismo, de falsidade,

Como se eu não pudesse cavar

A minha própria felicidade.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 17/04/2011
Reeditado em 18/04/2011
Código do texto: T2914103
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