O que de certo só tem a incerteza

Eu sou uma vela que ninguém acendeu

Uma sombra que onde ninguém descansou

Eu sou uma alma que há muito se perdeu

Por esse mundo que alguém arquitetou

Com suas regras de difícil compreensão,

Eu sou aquele que de querer, nada sobrou

Eu sou uma ponte com blocos de solidão,

Um peso que esmaga por ter tanta leveza

Alguém que ficou a mercê de toda paixão,

Que encontrou o riso embrenhado na tristeza,

Descobriu o sim debaixo de variantes Nãos,

Eu sou aquele que de certo só tem a incerteza

Sou o desejo de ser apenas um pensamento,

Sem vida, sem esse corpo, sem essa clareza,

Que me invade os vazios, fere o Sentimento

Que se esvai a cada dia, a formar correntezas

Em turbilhões de milhões de meus tormentos,

A me diluir em vasos de volumosas incertezas...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 16/11/2006
Reeditado em 16/11/2006
Código do texto: T292586
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.