Vento

Vento

Estrelas voltam nas noites de inverno,

n’um vento seco que erra na cidade:

o velho amigo da vida estilhaçada

por nossa falta de tino e incompetência.

Meu vento velho vadio sem infância,

sereno sempre na sua inconstância

tal como os tolos que perdem suas chances

olhando os céus que se escondem no outrora.

E enquanto a Banda passava gabando-se

co’as vidas perfeitas tocando mesmices,

os sonhos nossos cresciam e murchavam

no ciclo eterno de nossas criancices.

E quando a Banda partia pros futuros

ficamos nós, na cidade co’as saudades

de tempos falsos, co’os contos esquecidos,

co’os trapos velhos de infâncias dos outros...

E as rugas crescem, cabelos caindo...

E a chuva borra os chapéus de jornal

ficando nós esquecidos em casa,

álbuns de fotos, postais desenhados.

Mas, vento seco que erra na cidade,

a Banda segues, também tens teu futuro,

mas fico aqui, procurando nas desculpas

o alento insosso n’um poço infecundo.