COMO PERCO

Não preciso te contar, meu grande amor,

Das coisas que aprendi nos livros.

Quase não leio, vivo.

E viveram comigo tantos outros como tu.

Já bebi de outras bocas,

Saciei-me de outras fontes

Tais quais as que tu tens.

Só suspiro, enquanto roço, tranquila,

Púbis como a tua.

Só canto o desencanto de ter sido só mais uma...

Mas gargalho na certeza de que nada completo perdi.

E não quero descansar à tarde,

Nem tão pouco chegar até a praia.

Quero viver, antes que o dia se consuma,

Antes que tudo se perturbe, mais uma vez,

E eu pense que foste o que eu queria ter.

Já aprendi a ver o sol nascer

E viver o suficiente para ve-lo morrer.

Então não te enchas de soberba:

Não quero trégua, não quero volta, não quero guerra.

Só quero que, pra não dizer que não falei das flores,

Não te alienes mais que outros.

Não existem completos.

Foste um meio, cuja mediocridade

Jamais permitirá a agregação de uma outra metade.

Lilian Valéria Domiciano Cossuol
Enviado por Lilian Valéria Domiciano Cossuol em 22/11/2006
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