Escuridão

Ela tateou na escuridão como se fosse pra algum lugar,

o ar queimando as entranhas como se desejasse respirar,

arrancando-lhe lágrimas como se quisesse chorar,

tropeçando em tudo como se nada mais a pudesse machucar.

Ela gemeu grunhidos inaudíveis como se a devessem escutar

e orou aos céus como se fosse capaz de acreditar,

olhando para o nada como se ainda soubesse sonhar,

implorando clemência como se houvessem de se importar.

Ela imaginou o sol como se ainda estivesse a brilhar,

desejando viver como se tivesse amor pra dar,

e lançou-se ao abismo como se pudesse voar,

estatelando-se no penhasco com se a morte a fosse poupar.

Ela calou como se a solidão a desejasse acariciar,

e desabou no chão como que num leito macio a lhe esperar,

e adormeceu como se nunca mais pudesse acordar,

e mergulhou na ilusão como se afunda no abismo do mar.

Lídia Sirena Vandresen

-21.01.09-

Lídia Sirena
Enviado por Lídia Sirena em 19/05/2011
Código do texto: T2981164
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