A Escuridão de Minha Própria Alma

Quando o meu corpo caiu no abismo
O meu espírito já estava lá embaixo
Já estava na escuridão.

Eu caí e encontrei a mim mesma
Caída sobre escombros
Do que parecia ser uma casa.

E em meio à escuridão
Eu assisti à casa ruir,
E dar lugar a uma caverna.

E eu continuei chorando.
O chão empoeirado e coberto por cera de vela derretida
Deu lugar à um lamaçal
E eu não podia me mover.

Tudo à minha volta foi mudando
Os móveis, o meu piano em ruínas
Todos viraram pedras enormes.

Às vezes, a caverna era inundada por água
Mas a água era lamacenta e cheirava à podridão, parecia envenenada
Eu tinha sede e não podia beber

Diversas vezes tive a impressão de ouvir gritos,
Adultos a se lamentar, crianças a chorar.
Mas eu não podia enxergar na escuridão.

E fiquei muito tempo caída no chão, sem poder me mover.

Aquela caverna, minha última morada
Era meu espírito que não conseguiu perdoar, que não conseguiu esquecer.