A morte do tempo

O tempo vem, passa,

É mais uma hora.

Sem cheiro, cor,

nem gosto.

Passa, só.

Violência covarde e

madrugueira de

toda madrugada:

sulcou a pele,

rasgou a fé.

O tempo vem e vai.

É mais uma hora,

mais uma gota,

uma memória,

um sonho,

sonho bobo, belo,

falso de sonhar,

de novo e de novo e

de novo.

E na asa do silêncio

estéril o tempo se foi

para nunca mais voltar.

Se foi para sempre.

Morto, sempre morto,

há um segundo atrás,

e eternamente.