AMOR DE MUITAS FACES ÁS AVESSAS

Face Bandida

que acovarda-se diante a coragem

da “assunção”

e assume a covardia da traição

tendo braços contidos em outros braços

de abraços e amores escondidos

Face Competitiva

que vê na guerra dos sexos frágeis e pseudos-fortes

a fórmula ideal para subjugar-se

abaixo dos mais vís mortais

e depois poder sobrepujar-se a todos ideais

de homens imperfeitos, patéticos e reais

Face Egocêntrica

que ousa retirar da mesa

a foto dos amores passados

aquela que a gente não se cansa de ver e redesenhá-la de perfil e formas...

como ousa substituí-la por uma pintura

maquiada de falsidade e sorriso forçado?

Face Hipócrita

que ensaia as vicissitudes terrenas

acomodadas na mais grave intenção

de gerar dependência de todos sentidos e gestos,

Quem sabe um dia feito bela adormecida

desprovida de sentinela e “vigilância”

dormir no eteno berço do famigerado “eu”

para exprimir o refrão – sempre serás meu!

Face Letal

que silência quando é hora de falar

e fala quando devia calar

mesmo que por entre os dentes sofeje murmurações e destile mortal veneno..

nos mais súbitos arquétipos da ludibriação

de inculcação das doces mentiras

impedindo o amor de florescer um dia

pelo simples mistério de ser amor verdadeiro

Faces às avessas

que não merecem meus versos quais simples que sejam

romantizados ou não na ternura de meus sentimentos

quero encerrar este poema

descrevendo minhas ações

como fruto desta traição que me foi apunhalada ao peito

Últimos gestos

cartas rasgadas

lembranças quebradas

onde fabriquei com os cacos que me restaram de seu nome

um grande fogarel

que queima e arde em minha frente

nas cores vivas e gradientes de minha mente

incinerando todo imaginário de minha paixão

Agora nesta última hora

sinto um cheiro forte impregnado em minhas narinas

cheiro que mistura enxofre e raiva

restando tão somente um clarão dos destroços

para possibilitar-me registrar as últimas palavras deste poema

lanço um olhar fixo para toda esta devassa que a vida haverá de um dia apagar

restando-me apenas uma lágrima escondida

a brotar no canto de minha única e verdadeira face

carregada de tristeza e solidão

Sueudo Rodrigues
Enviado por Sueudo Rodrigues em 05/12/2006
Reeditado em 05/01/2007
Código do texto: T310009