ADORMECIMENTO

Enquanto repousava, corpo cansado,

Na amplitude generosa da estreita cama,

Permiti-me traçar pensamento lisonjeiro,

Onde era possível ver-se que, o mundo,

Afinal não era um capricho de vontades

Individuais mas sim a nada remota ascensão,

Rumo à tão desejada, quanto verosímil, mudança.

E tenho de confessar que não me foi nada difícil

Incorporar tal manifestação do meu sentir

Escorrer, feito imagens simples mas eficazes.

E era assim, por entre campos e densas cidades,

Que o respeito caminhava, mão dada com a atenção,

Dos que sabem escutar sem auscultar o próximo,

Quanto muito saber-lhes o nome e perguntar-lhes

Da vida…

Mas até estas palavras são pouco dignas de um poeta,

De tão simples e rudes, que breve reconheço,

Da tormentosa dor, que me perpassa inteiro, frio aço,

O meu súbito encantamento, a desvanecer-se.

Jorge Humberto

(23/03/2004)

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 07/12/2006
Código do texto: T312371