Camarada de pinga
O mundo tão cheio de nada
É meu camarada de pinga no bar,
No copo tão cheio de nada
Deita mais a cachaça até transbordar
O mundo tão cheio de nada
Não tem namorada, tampouco mulher,
No peito tão cheio de nada
A certeza farpada de ser um qualquer
Mundo mundo...
Antes fosse Raimundo
Para ver o fundo do poço,
Esta pele e osso que és
O mundo tão cheio de nada
Tombou na calçada em desmaio,
No sonho tão cheio de nada
Sonhava com nada demais, nada
O mundo tão cheio de nada
Despertava às margens da avenida
Na vista tão cheia de nada
Apenas o duro concreto da vida
Mundo mundo...
Antes fosse Raimundo
Para ver o fundo do poço,
Esta pele e osso que és
O mundo tão cheio de nada
Só percebeu que era nada
Na pessoa tão cheia de mundo
Que a gente de nada habita
O mundo tão cheio de nada
Gastou as pernas no mundo,
No passo tão cheio de nada
Sem destino, sem parada
Mundo mundo...
Tão escuro e imundo
Tão cheio de nada
Em pele e osso