Olhos de espera...

(À Vera Cruz)

Se tu respiras agora

Dizendo a ela que se vá

A companheira das horas silenciosas,

A solidão que em ti há,

Sim, a Solidão

Que sempre nos vem

Sem se importar

Com o ser bem-vinda ou não...

E se diz que ela te ti se foi

Eu acredito

Mas também não sei

Porque se for como em mim

Ela vai e volta

Num indefinir-se sem fim...

Outro dia

Sentir o coração apertado,

É sempre assim

Quando ela chega ao meu lado,

E talvez tenha sido essa que de ti

Se foi

Que chegou por aqui,

Noutro ser,

Noutro coração lacrimante,

E se acomodou

E o achou aconchegante...

Acho que a solidão que te deixou

Saiu envergonhado e andou... andou...

E veio um dia de madrugada

E no meu coração se depositou...

É... foi isso que aconteceu.

Todo mundo dela se livra,

Se livrou... Só não eu...

E se ela não te deixou,

Se ela ainda de ti se apondera,

Se ao dobrar a esquina te enganou,

Creia, ela numa noite me visitou,

A mesma que te deixa com olhos de espera,

Em mim também se plantou

E fez de minha realidade uma quimera,

Uma Quimera,

Minha realidade é uma quimera,

Um quadro

Onde foi desenhado

A espera...

Minha realidade é uma ilusão

De músicas, de degelos,

De poesias,

De surdas sinfonias,

De todos os gestos da solidão...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 14/12/2006
Reeditado em 14/12/2006
Código do texto: T317838
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