Um natal...

Esta data...

Que posso lembrar desta data?

Que posso lembrar?

Lembro de uma vez

Em que uma voz sincera

Me despertou da nostalgia

Uma como esta

Em que procura reminiscência desse dia

A me desejar um feliz natal...

Eu olhei aquele rosto,

Tão inesperado

Tão ignorado por mim

E por minha idiossincrasia

E fiquei alguns segundos sem

Ter o que falar...

É, hoje lembro daquele dia,

Mas era noite

E era dia

E ainda hoje

Por essa época do ano

Ainda ouço aquela voz

Que jamais imaginei

Que pudesse me desejar

Algo assim tão sinceramente

De modo que todo meu

Espírito fosse se moldar

E agora tão longe daquele tempo

Eu estivesse aqui a lembrar

Não dos últimos 25

Mas daquele,

Daquele que jamais vou esquecer...

Depois do silêncio

Depois do torpor e da surpresa

E da alegria

Imensa alegria

De receber aquelas

Simples duas palavras

Eu também falei

Meio tosco

Mas a amar

Aquele que tão profundamente

Se enterrou

Na minha memória

E que agora

Estou a lembrá-lo...

Eu o abracei fortemente

E tinha dificuldade de respirar

Mas foi um júbilo tao grande

Que se eu morresse ali

Morrera feliz...

Os tempos são idos

E não sei onde se encontrar meu amigo

Amigo depois disso

Para sempre amigo

Não sei se se lembra ele de mim

Não sei se foi feliz nesta vida

Não sei como está...

E agora

Cheio de melancolia

Porque nessa data estranhamente

Meu coração é devastado

E fazem festa nele

Milhas e milhas de tristezas

Que me fazem chorar...

Os tempos são idos

Faz muito tempo já

E hoje já envelhecido

Eu às vezes penso umas coisas

Sem lógica

Sem nexo

Mas isso não chega a importar...

Talvez aquela pessoa

Não fosse uma pessoa

Quem sabe um anjo

Que se disfarçou entre nós

Com um jeito simples

Mas que pela minha ótica amarga

Eu não o conseguia amar...

Cheguei talvez a desprezá-lo,

Mas ele esteve sempre paciente

A me olhar da distância...

Hoje eu sinto isso,

Que ele esteve sempre presente

Que tinha por mim alguma preocupação...

Mas eu não podia

Eu não sabia

Não via

O valor das coisas

E deixei passar

A oportunidade de agradecer

E isso neste momento

É o que faz meu coração pender

E vazar...

É, talvez fosse ele um anjo

Que veio para me salvar

Do abismo da solidão

Naquela noite-dia

Em que eu pensava num dia assim

A procurar momentos felizes

Mas que na verdade

Só via a mim...

Eu disse

Feliz natal

E ele sorriu

E acho que sorri também

E esse,

Procurando aqui entre as coisas guardadas,

Foi um momento feliz

De estrema beleza

Em que se revelou a mim

A magia do mundo,

Coisas que não podemos entender,

Mas que existem

Mesmo sem nossa crença

Mesmo sem nosso querer...

Existem anjos

E eles estão aqui

A nos acompanhar

Disfarçados de humanos

Para nos socorrer...

Por que a tristeza profunda mata

E naquele momento

Eu iria morrer...

Porém você veio

E tocou em meu ombro

E eu olhei sem interesse para você,

(Onde você estava...?)

E me disse para ser feliz

E tenho tentado

A todo custo fazer

Aquilo que você quis...

Aquele momento

Tem sido minha referência

Quando tudo me parece sem cor

Eu sempre caio num posso de abstinência

De viver, de querer, de ter vontade,

E sinto os dentes da dor

A se cravar no meu coração...

E sem querer sou levado

Em meio a grande escuridão

Àquele momento em que tive certeza

De que meu humano coração abandonado

Está sendo constantemente aliviado

Por uma mão, a tua mão a tocá-lo...

Que bom

Essa é minha alegria nesse momento...

Lembrar de você anjo

Que não abandonou meu coração

Que não deixou que me tragasse a solidão...

Se pudesse pedir alguma coisa

Ah, eu queria me desculpar,

Por ter sido tão rude,

Por ter evitado te amar...

Queria te ver novamente,

Quer em sonhos ou em realidade,

E me tocasse docemente

E mudasse novamente a minha realidade...

...Anjo...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 23/12/2006
Reeditado em 25/12/2006
Código do texto: T326120
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