Entre sonhos..

Muitas vezes eu paro para pensar

Nas coisas que já se sucederam

E é então que me percebo a desejar

As coisas que nunca aconteceram

Assim, perdido entre esses sonhos,

Sinto-me imerso num intra-mundo

A levar nos ombros um ser tristonho

Que me parece não ser desse mundo

E esse ser sou eu, sou eu, um estranho,

Um desconfiado, como se me traísse

O meu coração, no qual me entranho,

E lá dentro dele num abismo eu caísse...

E assim caindo é que me sinto agora

Caindo como a noite sobre a cidade

Como se meu espírito saísse para fora

E se perdesse em busca da felicidade

O tempo me parece tão imperfeito,

Tão desordenada foi minha vida

Contemplo a mim, os meus defeitos,

As cicatrizes obtidas em dura lida

E penso que tudo poderia ser diferente

Poderia eu ter trilhado outro caminho,

E talvez agora me sentisse mais contente

A olhar o castelo de areia que fiz sozinho

Pesa-me nessa hora, nesse momento,

As reminiscências, fotos de outrora

Que me inundam o fraco pensamento

Como se a Morte me olhasse agora...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 28/12/2006
Reeditado em 07/11/2014
Código do texto: T330208
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