DA CHEGADA E DA PARTIDA

DA CHEGADA E DA PARTIDA

Na chegada...

Foi festa, foram rojões, foram balões.

Foram musicas e sonetos.

Foram olhos que se marejaram de alegria.

Foi contagiante e inebriante,

Taças de vinho transbordadas

Que nos tingiam

Com o vermelho da paixão.

Bagagens que se misturaram,

Cabides que se ofereceram,

Gavetas se aconchegaram

Misturando as peças e cores.

Perfumes receberam outros aromas,

Janelas e portas se abriram

Para conter o que era transbordante.

Quando luzes se apagavam

Era só para o começo das brincadeiras.

O esconde-esconde nos cômodos

Era descoberto com riso incontido.

Da partida...

Luzes não mais eram mais acesas

Para não demonstrar o que não ficou,

E o que ficou,

Não era para ser revelado.

O sol bem que tentava entrar,

Banhava todas as possíveis entradas,

Mas nada era rompido.

Paredões levantaram-se ameaçadores.

O ocre do ambiente

Tinha o fedor da angustia.

Restos de saudades

Espalhavam-se pela casa,

Numa ânsia de compor um quebra-cabeça.

Da chegada e da partida...

O placar era todo favorável ao visitante.

A medalha foi oferecida

Ao perdedor,

Sem nenhuma inscrição.

Di Camargo, 29/10/2011

Di Camargo
Enviado por Di Camargo em 29/10/2011
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