DISPA-ME

Quero saber o tamanho de tua ousadia,

Onde se encerra os seus medos e tua covardia.

Peço-te que não me beijes como açoite,

Que entendas que me sinto morrer quando me procuras à noite.

Meu corpo já não lê os signos do teu,

Já não decifro as hipérboles e metáforas do que aconteceu.

Em ti já não me vejo aninhada,

Antes, sou pássaro sofrível em gaiola enjaulada.

Peço que dispa-me uma vez mais,

Não de minhas parcas vestes, mas de tudo que me faz.

Mil lágrimas já me trouxeram sua ausência,

Hoje cansada, saturada não importo onde e com quem estás.

Sou menos infeliz sem ti e sem dor de consciência.

Dispa-me do resquício equivocado de qualquer sonho de amor.

Com você conheci o holocausto de me ver implorar por ser amada até desfalecer de dor.

Ai, como dói esta angústia de ter de ti tanto medo.

Se soubesse nunca teria te amado, nem te entregado meu mais íntimo segredo.

Dispa-me e deixe-me ainda mais nua que estou,

Pois já ando vazia, coração de pedra, alma sem rumo.

Andando, caindo nem sei por onde vou.

Não me beijes com estes seus lábios que colam,

Que asco me fazem, que me cobram a dizer o que calam.

Não me toques, não me possuas, deixe-me ir embora...

O que ganhas me aniquilando, me obrigando a sorrir se meu eu inteiro sómente chora?

Se não entendes então dispo-me eu,

Já se acabou sobre mim todo fascínio teu.

E aqui, em tua frente plenamente despida,

Sou só um corpo nú de quem jamais irá te amar novamente nesta vida.

Sinto ter acreditado quando me chamaste-te "QUERIDA".

Mary Rezende
Enviado por Mary Rezende em 02/01/2007
Código do texto: T334313