Antes e depois

é violência pura quando uma faca nos é colocada no pulso

na calada da noite ela se cala no seu braço já tenso

levemente é puxada e o sangue cai

fogo antes amigo puxa veias ainda verdes, azuis, vermelhas...

uma multidão de células aparece como as mentiras ditas uma atrás de outras

mentiras como gotas de sangue a se juntar em poça de verdade

tudo ou nada se parte como o cristal no chão

difícil juntar os pontinhos pontiagudos

os cristais teimam a entrar nas veias abertas pelo outro amado

na verdade já entraram, fazem parte do ser

estavam ali invisivelmente e silenciosamente colocados antes

um antes do outro. Não sei! Andamos confusos nessa hora, agora, antes e depois.

mas tudo cai como a carta do baralho

como a faca no pulso

a pancada na cabeça na parte de trás

talvez toda ou nenhuma reconstrução seja possível

o tempo é nosso pior inimigo agora, antes, depois ou nunca mais

mas a perseverança de uma aurora que traduz o sangue caído é esperada.