Vamos pro Sul
Cansado dos beijos que não me davas
Lívido pelo excesso de sangue frio
Desamarrei os nós que amarravam
A boca do funil da alegria.
Por que investir o tempo em coisas bobas?
É como envernizar o próprio ataúde
Teria te dado mais do que você me rouba
tentei te avisar quando eu fui pro sul.
Que queres, aprendi a mal viver de contos
Pintando auto-retratos ao portador
Se falta emoções eu as invento
A madrugada não tem coração.
A salsa de tomate das feridas
Se corta com um chute de vaidade
Os passaros não entendem de despedidas
Nem deixam prisioneiros quando se vão.
A crista dos galos sem galinheiros
Pra caldo de canja de um dia depois
Ontem não me queria
Hoje não te quero
Amanhã não teremos a quem querer.
Não infrinjas a lei
Muito menos na rua
Eu disse: sei la, para um cidadão de bem
A falta de substancia, sobram detalhes
Da estação da França já não sai trem
A madrugada não tem coração
Não tem coração
Vamos pro Sul.