LETARGIA
Eu fico num estado letárgico e meditativo,
Ausente do mundo que gira ao redor,
Pensando num sentido melhor,
Para que a vida me apresente um motivo...
Motivo da existência, da força pra continuar,
Uma meta na vida, sem que seja a barriga,
Sem que tenha que se pensar na fadiga
Da lúgubre rotina que me faz sufocar.
O cair da noite, o findar do dia,
Mais um cíclo se completa,
O negrume do céu; uma seta
De dor, de alma vazia.
O quadro que se me apresenta na janela:
As vezes, no breu, rútilo do céu constelado,
E ao piscar os olhos, logo está nublado,
Então retorna a sensação da procela.
E a alma vai cavando fundo o desejo
De falar, de tocar, de tua face beijar,
E quando chega no imo do mar,
Logo quer emergir num lampejo.
Visto que não se achou no mais profundo
A reposta para a procura de teu ser,
Se irei te reencontrar e tua face rever
Antes que eu me vá deste mundo.
E quando retorno para a realidade
Dum sonho acordado, de meditação,
O meu desapontamento pela ilusão,
Num hausto sinto lancetar de saudade.
(YEHORAM)