SANGRANDO...
 
Toda uma vida em esperas...
Perseguindo a felicidade,
enganando os sentimentos
com esperanças vãs,
fugindo da própria realidade.
 
Fim do caminho,
transbordou em agonia
o sonho de quimera.
 
A taça vazia
reflete um olhar frio.
A mão não mais estendida,
- única que afaguei-
o final da fantasia acena...
 
No silêncio do momento
encerra o tempo
a derradeira cena,
que se tentou adiar...
 
Não valeu a pena,
só prolongou a dor
que agonizava,
sangrando amor...
 
Na minha face,
 a máscara derretida
sem disfarces,
na boca, um amargo gosto...
 
A lucidez entorpecida,
emoção esvaindo desgosto.
 
No peito, um vácuo,
uma lacuna de reticências,
quando seu corpo se afasta
-única terra onde andei-
some nas sombras
de sombrios escombros,
desatando os nós...
 
O meu ser acuado,
arrasta-se nas correntes
da memória,
onde a alma se escora
e chora...
 
2006
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 19/01/2007
Reeditado em 30/10/2009
Código do texto: T351858