Uma mulher invisível


Intermináveis dias andando por aqueles caminhos
Incansáveis manhãs de um sol que em mim ardia
Acrescentando uma cor de chumbo em minha pele
Escrevendo em minha alma o nome de um amor
Que não existia...

Tateando estrelas mortas há milhares de anos
Buscando encontrar uma mulher invisível
Sem nome
Sem face
Sem ao menos um sentindo azul que me fizesse sonhar...

Mas o seu espelho fica no meu quarto
E eu sei que ela todas as noites fielmente
Ali penteia seus cabelos sem cor
E pinta seus lábios mórbidos de vermelho
E depois dança uma musica triste
Vestida de sedas brancas e de sensualidade rosa...

Essa mulher não existe
Seu fantasma porem chegou ao extremo da poesia
E todos que como eu estiveram ao seu lado
Caminhando por essas noites nulas
De muletas sem ao menos lembrar
Que ainda restavam-lhe as pernas
Foram mortos vivos e nem sentiram...