SEM CHANCE DE RETORNO
Eu vi sumir um amor
Como some uma flor
Num dia quente,
Na força do vento
Do desolado nordeste,
Com sotaque do agreste,
Que tanto me encantara
Num só pensamento.
Ela se foi como um sonho
Num dia tristonho,
Na asas da ilusão
Que a canção entoa
Cantando as dores
Salpicadas em flores,
Que fere a candura
Que com pétalas magoa.
Mas se o amor
De prazer e dor
Viver o seu dia,
Chorando e rindo,
Guardando lembrança,
Sem esperança
De ver a face
Da rosa se abrindo.
Em pensar que um dia
Ao teu lado dormia
O meu corpo robusto
Junto ao teu delicado,
Na noite escura
Era do fado uma jura
Que se podia perder
Do coração alado.
Mas se morre a flor
De tanto calor
E de muitos espinhos,
Nasce um renôvo
Que traz da vida a luz
Que eu mesmo compus
Me solevando a cabeça
Fazendo-me vivo de novo.
Ouvi da sua própria boca
A frase mais louca
Dizer que tudo acabou,
Nos dias outonais,
A folha seca adejando,
Um pássaro chorando
Um lamento lúgubre:
Retorno jamais!
(YEHORAM)
.