CÁLICE DA AGONIA

 
No cálice da solidão
sorverá a agonia,
ao se encontrar só.
O mel da cumplicidade
não soube usufruir,
ora no fel da ausência
seu mundo  efêmero irá ruir,
ferindo a alma,
pedindo clemência...
 
Com sua não participação,
excluiu-se do núcleo
fugindo dia-a-dia da comunhão,
desenlace da sagrada união...
 
Os momentos que hão de vir
serão insólitos e abstratos,
quais os retratos presos à parede,
imagens, que o olhar embaçado
no lamento das horas,
irão aos poucos desfazer.
 
E então, não terá mais como lembrar
ou resgatar o que não soube cuidar.
De concreto, vai carregar
no peito vazio, o frio que assola:
 resultado vivo que prova
 sua omissão, alto preço a pagar...
 
Por mim, não será rejeitado,
na lembrança ainda guardo
a fantasia do começo.
Porém, não mais consigo suportar
a lâmina fria do olhar,
a indiferença, o desapego.
 
Resta então a pergunta final:
Perdi eu ou perdeu você?
Só o tempo poderá nos responder...
Adeus!

 
30/01/2007
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 01/02/2007
Reeditado em 12/06/2011
Código do texto: T366577